terça-feira, 11 de setembro de 2007

To live is to die

Há uns tempos em conversa com um velho, ele disse-me algo do género: “Ando a ler um livro em que o autor diz que um ateu não é mais que um animal daqueles que se vê por ai nos campos. Dorme, come, gala a sua fêmea e sobrevive. Só quem acredita em Deus, tem um sentido na vida, só quem acredita em Deus pode alguma vez ser verdadeiramente feliz.”. É claro que na altura abanei a cabeça a dizer que sim para não lhe dar muita conversa e ver se ele terminava as histórias rapidamente. Mas agora relembrando o assunto (no escasso tempo livre que tenho tido ultimamente) e sabendo que sou ateu desde que tenho consciência do que me rodeia, descobri que não falhou muito na descrição que deu. De facto, nós somos muito básicos. Podemos ser racionais e fingir que somos as criaturas mais fascinantes à face da terra mas na realidade somos como todos os outros animais. Vivemos como os leões que tentam provar que são eles os machos dominantes. Fazemos de tudo para melhorar a nossa vida, tentamos convencer os outros das nossas crenças, tentamos acreditar que somos mais e melhores do que realmente somos. Passamos a vida a seduzir numa tentativa desesperada de mostrar que conseguimos aquilo que queremos. Muitas vezes tornamo-nos troféus uns dos outros. Vivemos um jogo de sedução, de persuasão, de enganos. Fazemos o que for preciso para viver, tal como os restantes animais, mas sem disso depender as nossas vidas. Somos mais calculistas, mais ambiciosos. Mas não deixamos de ser animais. Não creio que por uma pessoa acreditar num Ente Superior passe a andar na rua com um sorriso nos lábios. Para mim a vida tem o sentido que tem.

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